domingo, 21 de abril de 2019

Psicanálise da Sociedade Contemporânea


SÍNTESE (LINK PARA ACESSO AO LIVRO ABAIXO):

A psicanálise humanista de Fromm vai além da tipologia do caráter e suas influências na sociedade e no processo histórico, pois ele irá questionar as próprias bases da sociedade moderna, anti-humanista e mercantil. Fromm faz em uma de suas principais obras, Psicanálise da Sociedade Contemporânea, uma extensa análise do homem no capitalismo, discutindo novamente a questão do caráter social e os processos sociais gerados pelo capitalismo que terá grande influencia sobre ele, tal como a quantificação/abstratificação, a alienação, a burocratização e mercantilização. Fromm coloca estes processos sociais mostrando que até mesmo as organizações surgidas das lutas dos trabalhadores, como partidos e sindicatos, se tornam organizações burocráticas. Sua crítica da democracia moderna surge neste contexto:

“Na realidade, o funcionamento da máquina política em um país democrático não difere essencialmente do procedimento que se segue no mercado de mercadorias. Os partidos políticos não são muito diferentes das grandes empresas comerciais, e os políticos profissionais se esforçam por vender seus artigos ao público. Seu método se assemelha cada vez mais ao da publicidade a alta pressão” (Fromm, 1976, p. 185).

É neste contexto que Fromm irá abordar os efeitos destas relações sociais sobre a saúde mental. Assim, ele abre espaço para questionar a idéia de normalidade. A normalidade é uma idéia que o indivíduo deve se submeter ao que é considerado norma em determinada cultura. A questão que Fromm coloca é que a qualificação de anormalidade está na dependência de uma concepção de normalidade que é a adaptação do indivíduo a determinadas relações sociais, mas que é preciso saber se tais relações são saudáveis. Se tais relações sociais não são saudáveis, então a adaptação a elas não significa que o indivíduo seja saudável mentalmente, mas, ao contrário, significa que ele compartilha com a maioria uma mesma “doença psíquica”. Nesse tipo de sociedade, o indivíduo considerado socialmente anormal é mais saudável mentalmente (“normal”, num sentido mais amplo) do que outros. Segundo Fromm:

“O que é muito enganoso no tocante ao estado mental dos indivíduos de uma sociedade é a ‘validação consensual’ de seus conceitos. Supõe-se, ingenuamente, que o fato de a maioria das criaturas compartilhar certas idéias e sentimentos prove a validez dessas idéias e sentimentos. Nada está mais afastado da verdade. A validação consensual não tem, como tal, qualquer impacto sobre a razão ou saúde mental. Assim como existe uma ‘folie à deux’, existe uma ‘folie à millions’. O fato de milhões de criaturas compartilharem os mesmos vícios não os transforma em virtudes, o fato de elas praticarem os mesmos erros não os transforma em verdades e o fato de milhões de criaturas compartilharem a mesma forma de patologia mental não torna essas criaturas mentalmente sadias” (Fromm, 1976, p. 28),

(NILDO VIANA. ERICH FROMM E A RENOVAÇÃO DA PSICANÁLISE, para acessar esse texto completo, CLIQUE AQUI).

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